terça-feira, 7 de junho de 2011

Sepaz ampliará rede de atendimento a dependentes químicos no Estado

Edital para comunidades que trabalham com recuperação de dependentes químicos no Estado será lançado em breve

Lucas Lisboa
Foto: Tércio Cappello

Situação dos dependentes químicos foi exposta durante café da manhã
A Secretaria de Estado da Promoção da Paz (Sepaz) lançará, nos próximos dias, um edital para comunidades que trabalham com recuperação de dependentes químicos no Estado, com a finalidade de credenciá-las e englobar essas instituições no programa Acolhe Alagoas. Essa medida ampliará o número de comunidades apoiadas pelo governo do Estado de 13 para 25 e, assim, aumentará também a quantidade de usuários de drogas acolhidos, que atualmente é de 600 e deverá chegar a 1.200 pessoas.

A informação foi divulgada pelo secretário Jardel Aderico na manhã desta terça-feira (7), em um café da manhã com profissionais da imprensa. O evento foi realizado no auditório do hotel Ponta Verde e contou com a presença do promotor de Justiça Flávio Gomes da Costa; do secretário Francisco Araújo, titular da Secretaria Municipal de Assistência Social; da vereadora Fátima Santiago e de representantes da Federação Alagoana de Comunidades Acolhedoras e de diversos órgãos ligados ao combate e prevenção às drogas no Estado.

Na oportunidade, foi exposto um levantamento sobre a situação dos dependentes químicos no Estado feito com 340 pessoas que estão em tratamento nas comunidades inseridas no Acolhe Alagoas. A apresentação foi feita pelo pastor Lindon Jonson, representante da Federação das Comunidades Acolhedoras, que explicou detalhadamente os números da pesquisa feita pelo Centro de Cooperação Dom Bosco durante os meses de fevereiro e março de 2011.

O estudo mostra alguns números relevantes, como o nível de escolaridade dos dependentes, mostrando que 56% deles não chegaram a completar o 1º grau. Outro dado importante diz respeito à renda familiar das pessoas ouvidas. O levantamento mostra que 46% dos dependentes possuem renda entre um e dois salários mínimos, constatando que a maior incidência de consumo de drogas está nos locais onde há uma maior concentração de pessoas com baixa renda e sem acesso aos serviços básicos de educação.

Os números mostram também que a grande maioria dos usuários teve seu primeiro contato com as drogas através de substâncias lícitas como o álcool e o tabaco, além da maconha, partindo posteriormente para o uso de drogas consideradas mais ofensivas ao organismo, como o crack. 

“Diante desses números e com o resultado que estamos obtendo com o Acolhe Alagoas, fica evidente que se deve investir cada vez mais na prevenção social contra as drogas. Os esforços devem ser concentrados na mudança de comportamento das pessoas, retirando da criminalidade e mostrando um novo caminho a ser trilhado”, disse Jardel Aderico, que relatou a determinação do governador Teotonio Vilela Filho para incluir os recursos destinados às comunidades acolhedoras no orçamento estadual em 2012, deixando de ser um investimento exclusivo do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep).

O promotor de Justiça Flávio Gomes falou sobre a postura do Ministério Público Estadual de cobrar e promover a integração dos órgãos do Executivo para que ações sejam feitas, com o intuito de resolver o problema das drogas em Alagoas, que já alcança uma grande dimensão e está diretamente ligado aos índices de criminalidade.

“Estamos vivendo em uma batalha, onde alguns morrem, outros saem feridos. Sabemos que é um caminho difícil, e por isso vemos como fundamental a união de esforços. Essa interação entre os poderes para elaborar ações de combate às drogas poderá interferir diretamente na violência no Estado e salvar diversas vidas”, falou.

Acolhe Maceió  

Durante o evento, o secretário Municipal de Assistência Social, Francisco Araújo, falou sobre o programa de ressocialização Acolhe Maceió, criado para contemplar dependentes químicos que saíram das instituições após concluírem o tratamento.  O projeto pretende qualificar essas pessoas, nas mais diversas áreas, para serem inseridas no mercado de trabalho. 

A iniciativa tem início no mês de julho e será feita em parceria com a Secretaria de Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária de Maceió. O Acolhe Maceió atende a uma lei municipal criada pela vereadora Fátima Santiago, que destina aos dependentes químicos que passaram por tratamento nas comunidades 5% das vagas geradas pelas empresas que prestam serviços às secretarias e órgãos municipais.

Francisco Araújo destacou a necessidade de oferecer ferramentas de capacitação para os dependentes, que, segundo ele, estão saindo do tratamento sem nenhuma perspectiva e atribuição, e assim acabam voltando a frequentar os mesmos ambientes que serviram de porta de entrada para as drogas.

“É muito comum ocorrer de o dependente sair do tratamento sem perspectiva e acabar voltando para o mundo das drogas. Nossa proposta é de qualificar o maior número de pessoas possível para que elas sejam inseridas no mercado de trabalho e passem a ter uma nova perspectiva de vida”, explicou Francisco Araújo.