segunda-feira, 30 de maio de 2011

Programa Alagoas Cidadã é apresentado às comunidades quilombolas

Coordenadores conheceram a metodologia do programa que objetiva a redução da pobreza em Alagoas por meio da educação financeira e cidadania

Vanessa Omena

Comunidades quilombolas conheceram Alagoas Cidadã
A metodologia do programa Alagoas Cidadã foi apresentada à Coordenação Estadual da Comunidades Quilombolas Ganga Zumba, durante a reunião mensal dos coordenadores que representam as 66 comunidades quilombolas existente no Estado. O programa, realizado pela Agência de Fomento de Alagoas (Afal) em parceria com a ONG Visão Mundial e a Agência Nacional de Desenvolvimento Microempresarial (Ande), utiliza a metodologia GOL-d – grupos de oportunidades locais de desenvolvimento –  a partir de um modelo trazido da Índia e adaptado para o Brasil.

Durante a apresentação, que aconteceu na cidade de Arapiraca, foi explicado como a metodologia vem sendo aplicada em comunidades de baixos índices de desenvolvimento humano (IDH), com foco no combate à pobreza e na inclusão socioeconômica da população. Em Alagoas, o programa utiliza recursos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep).

O programa conta com a mobilização dos Agentes de Desenvolvimento de Grupos (ADGs), que são pessoas da própria comunidade contratados e capacitados pela Visão Mundial para levar a metodologia para as reuniões dos grupos.

“A partir da formação de grupos de 10 a 20 membros, o Alagoas Cidadã visa a autoestima e sustentabilidade dos grupos, por meio da cidadania, educação financeira e do hábito da poupança, e é isso que estamos propondo para as comunidades”, destacou a analista de projetos da Afal, Patrícia Toledo Melo.

O coordenador estadual das comunidades quilombolas, Manuel dos Santos, conhecido como Bié, destacou que este primeiro contato com os técnicos da Afal foi importante para que os coordenadores das comunidades possam entender a metodologia de formação de grupos e a partir daí levar as informações às comunidades quilombolas.

A coordenadora de projetos da Afal, Cecília Bonilla, informou que o primeiro contato para a apresentação do programa aos quilombolas, foi feito a partir de uma reunião com o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), que vem trabalhando a questão da certificação de autodefinição das comunidades quilombolas no estado e que entendeu que o programa poderia ser mais uma ação que permite levar maior conhecimento e melhorias para essas comunidades.

“O Alagoas Cidadã é uma proposta que se soma a outros projetos de políticas públicas em benefício da comunidade”, ressaltou a coordenadora da Afal, acrescentando que existem hoje cerca de 170 grupos formados em todo o Estado, inclusive em municípios como Canapi e Taquarana, onde já existem participantes quilombolas em alguns dos grupos que fazem parte do programa.

Um dos que ficaram mais entusiasmados com a apresentação da Afal foi Sandro Santos, responsável pela coordenação das comunidades quilombolas na região do baixo São Francisco. Segundo ele, a tendência de criação de grupos nas comunidades é muito forte, uma vez que as comunidades trabalham unidas em atividades como o artesanato e a produção agrícola, “e o aprendizado em educação financeira pode ser um importante passo para um maior fortalecimento dos grupos”, ressaltou. 

Microcrédito 

A partir das capacitações em educação financeira e na própria autonomia dos grupos com relação à vocação para o empreendedorismo, o programa disponibiliza empréstimos de microcrédito para impulsionar pequenos negócios e fortalecer os empreendimentos já existentes. Os recursos são repassados pela Ande, e a garantia é a própria conduta do participante com relação à poupança estabelecida pelo grupo e os empréstimos internos realizados  entre os membros.

Em 9 meses  de execução, os grupos do programa contam com uma poupança interna de cerca de R$ 35 mil , dinheiro poupado a partir das contribuições dos membros de cada grupo, que pode varia de R$ 0,50 até R$ 5,00 conforme o estipulado por eles próprio. A meta do programa, até o final de 2011, é formar 500 grupos envolvendo cerca de 5 mil pessoas diretamente,  resultando na criação e no fortalecimento de pelo menos 1500 micro empreendimentos.

“Estamos avançando em bairros da periferia de Maceió e contamos com grupos formados em 9 municípios do interior, do agreste e do sertão, além de bairros na periferia de Maceió. A participação  de instituições da sociedade civil  é importante para que o programa atinja o maior número possível da  população alagoana que vive na linha da pobreza e que podem, a partir dos conhecimentos adquiridos pela metodologia Gol-d, organizar-se financeiramente para se tornarem empreendedores e contribuir para a comunidade onde estão inseridos, melhorando suas condições socioeconômica”, finalizou Cecília Bonilla, coordenadora de Projetos da Afal.