sexta-feira, 27 de maio de 2011

Central de Transplantes capacita profissionais sobre doação de córneas

Treinamento visa reciclar conhecimentos e técnicas de equipes que trabalham ligadas à doação de órgãos e tecidos para transplantes
Neide Brandão
Profissionais participam de capacitação sobre busca ativa de córneas
A Central de Transplantes de Alagoas, em parceria com o Banco de Olhos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), realizou nesta quinta-feira (26) uma capacitação com seus profissionais para a busca ativa de doadores de córneas.
O treinamento visa reciclar conhecimentos e técnicas das equipes multiprofissionais que trabalham ligadas à doação de órgãos e tecidos para transplantes. "Investir no servidor e na infraestrutura hospitalar é um ponto prioritário do governo para ampliar o número de transplantes em Alagoas", destacou o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Toledo.
Para Andrea Maria Cavalcante, diretora médica do Banco de Olhos da Ufal, o treinamento é eficaz pelo que proporcionará ao Estado. “Qualificando os profissionais, a tendência é que aumente o número de notificações de potenciais doadores e, consequentemente, de captações e de transplantes", disse.
Arminda Carneiro, transplantadora de córneas do Banco de Olhos e palestrante no evento, explicou que o transplante de córnea é uma cirurgia que consiste em substituir uma porção da córnea doente de forma total ou parcial de um paciente por uma córnea doadora saudável, a fim de melhorar a visão do paciente ou corrigir quadro de perfurações oculares que ponham em risco a perda anatômica e funcional do olho.
“O transplante de córnea é indicado quando uma de suas características (transparência, curvatura ou regularidade) é perdida. Como em cicatrizes pós-trauma ou infecção (leucoma), edema de córnea (ceratopatia bolhosa), queimaduras químicas ou térmicas, ceratocone e distrofias”, frisou.
A córnea é um tecido transparente que funciona como lente sobre as camadas mais complexas e delicadas do olho. Nos transplantes, o sucesso das cirurgias gira em torno de 90%. Para ser transplantada, tem que ser retirada do corpo do doador até seis horas após o falecimento. Depois de retirada, ela é mergulhada em produto conservante que o mantém com todas as características por até 14 dias.
A autorização para a retirada da córnea deve ser dada pelo cônjuge, pai, mãe, filhos, irmãos, avós ou netos do paciente doador. Não podem doar as córneas pacientes portadores do HIV, com sepse, hepatite viral aguda, morte por causa desconhecida, raiva, panencefalite subaguda esclerosante, rubéola congênita, entre outros.
Após a morte do doador, a córnea é retirada por técnico ou enfermeiro capacitado. A retirada dura, em média, 30 minutos. Na ocasião, o médico Carlos Alexandre, coordenador da Central de Transplantes, ressaltou o trabalho desenvolvido pela equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) no HGE.
“Em 2007, o tempo de espera para um transplante de córneas era de sete anos, hoje, com o trabalho desenvolvido pelos oito profissionais da CIHDOTT-HGE, a fila é de apenas 11 meses. Até abril deste ano, foram realizados em Alagoas 50 transplantes de córneas. Em 2010 foram 84 e em 2009, 87. Temos uma equipe engajada nas doações, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais”, destacou.
Atribuições
As Comissões Intra Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTS), constituídas por meio da Portaria 1.752 /GM, de 23 de setembro de 2005, do Ministério da Saúde, têm como atribuições organizar a instituição para que seja possível detectar doadores de órgãos e tecidos no hospital; viabilizar o diagnóstico de morte encefálica, conforme a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre o tema; criar rotinas para oferecer aos familiares de pacientes falecidos no hospital a possibilidade de doação de córneas e outros tecidos e articular-se com a Central de Transplantes do Estado para organizar o processo de doação e captação de órgãos e tecidos, entre outras atribuições. Cabe à Central de Transplantes do Estado acompanhar, cobrar e dar assessoria ao efetivo funcionamento da comissão.