terça-feira, 14 de junho de 2011

Caminhada marca Dia de Conscientização da Violência Contra o Idoso

Evento acontece nesta quarta-feira, com concentração na Praça Deodoro

Ronaldo Lima e Wellington Santos
Repórteres

Com o tema “Juntos, por mais respeito, qualidade de vida, dignidade e esperança para as pessoas idosas”, será realizada nesta quarta-feira (15), a partir das 9h, a primeira caminhada alusiva ao Dia Mundial de Conscientização Sobre a Violência Contra a Pessoa Idosa. A concentração acontecerá a partir das 8h, na Praça Deodoro, e terá como ponto final a Praça dos Martírios, com diversas atividades dirigidas aos idosos.

 De acordo com Viviane Melo de Gusmão, coordenadora do Centro Integrado de Atendimento e Prevenção à Violência Contra Pessoas Idosas (Ciappi), o principal objetivo é criar uma consciência mundial, social e política, da existência da violência contra os idosos, além de, ao mesmo tempo, disseminar a ideia de não aceitá-la como normal. “Na esteira deste movimento mundial deve-se incentivar a apresentação, o debate e o fortalecimento das mais diversas formas da prevenção”, complementou.

Para o coordenador Estadual da Pastoral da Pessoa Idosa, Crimédio Vieira Neto, a proposta do evento é unir forças para que a vida de pessoas idosas seja marcada por mais respeito, qualidade de vida, dignidade e esperança. “A velhice não pode ser considerada um peso, e sim uma dádiva”, defendeu Neto.

Viviane Melo afirma que a violência contra idosos acarreta em sérias consequências. “A violência contra a pessoa idosa se configura como uma grave violação da dignidade da pessoa humana, trazendo sérias consequências às pessoas maiores de 60 anos”. 

Segundo ela, os efeitos da violência na vida de um idoso (a) pode ser desastroso, contribuindo para o agravamento das doenças na velhice e afetando, principalmente, a qualidade de vida. Viviane cita ainda algumas violências contra os idosos, como abuso, maus tratos, negligência, abandono e agressões. 

Ela lembra ainda que o propósito principal da data é a sensibilização para uma conscientização. “Não se combate ou luta contra a violência apenas em um dia. O processo deve ser contínuo. O dia 15 é para chamar a atenção de todos. O processo deve ser contínuo e em todos os dias do ano”. O evento visa, sobretudo, sensibilizar a sociedade sobre as diversas formas de violência que pessoas idosas sofrem em seus lares, instituições e espaços públicos. 

O Centro Integrado de Atendimento e Prevenção à Violência Contra Pessoas Idosas (Ciappi) é ligado à Secretaria Nacional de Direitos Humanos e à Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), e mantém, em Maceió, uma sede no bairro do Farol, onde desenvolve atividades como visitas domiciliares e institucionais com o objetivo de verificar e averiguar a veracidade das denúncias de violência contra pessoas idosas.

Entre as entidades colaboradoras e parceiras do Ciappi estão Ministério Público Estadual, OAB, Arquidiocese de Maceió, Pastoral da Pessoa Idosa, Conselho Estadual de Assistência Social, Conselho Estadual do Idoso, Federação das Associações de Moradores e Entidades Comunitárias de Alagoas (Famecal), Ceami, Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), Secretaria Municipal de Saúde, Faculdades Raimundo Marinho e Maurício de Nassau. 

Com sigilo garantido, Ciappi é referência em Alagoas 
Com a garantia de sigilo absoluto nas denúncias que chegam todos os dias, o idoso de Alagoas já tem uma referência para o combate à violência. Com quase dois  anos de atividades  - data que se comemora também o Dia do Idoso - o Centro Integrado de Atendimento e Prevenção da Violência contra a Pessoa Idosa (Ciappi) conseguiu concluir neste período a resolução de centenas de casos de violência contra a pessoa idosa.  

O trabalho é desenvolvido em parceria ainda com o Ministério do Densenvolvimento Social (MDS) e a Secretaria Especial de Direitos Humanos.  “Isso se deve à boa repercussão do trabalho do Ciappi nesses quase dois anos de atividade, que hoje funciona como um ponto de apoio para que as pessoas denunciem a violência contra o idoso, junto com credibilidade na garantia de sigilo total”, ressalta Viviane Gusmão. 

A atuação do centro se estende à mediação dos mais variados casos de violência contra idosos, especificados como violência física, maus-tratos, abuso psicológico, violência psicológica, sexual e abandono, entre outros tipos de violência contra a população maior de 60 anos.

Em relação aos tipos de violência contra os idosos, os dados apontam que os casos mais comuns são de violência física; violência psicológica; negligência e abandono, entre outros. “Nesses dados verificamos ainda situações de violência sexual e de autonegligência, aqueles em que os idosos se negam a receber qualquer tipo de ajuda, principalmente os que moram na rua”, completa a coordenadora.

Viviane acrescenta que a violência contra os idosos em Alagoas não está concentrada ou tem hegemonia em um única classe social. “Está em todas as clases sociais”, revela.

Como denunciar
A equipe do Ciappi, formada por advogados, psicólogos e estagiários, revela que uma das denúncias mais frequentes que chegam é a de abuso financeiro e econômico praticado pelos próprios familiares dos idosos.

O centro conta com uma equipe multiprofissional que reúne psicólogos, assistentes sociais, advogados e estagiários que desenvolvem ações de acolhimento aos idosos e à família, averiguação de denúncias, estudo e diagnóstico psicossocial e jurídico.

Em casos de maior complexidade, informa Viviane, o Ministério Público é comunicado e o encaminhamento é feito à Defensoria Pública e outros órgãos que compõem a rede de serviços que dão apoio ao trabalho.

O atendimento e o recebimento de denúncias funcionam das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira, e podem ser feitos pelo Disque-Idoso pelo telefone 3315-9928. As denúncias também podem ser feitas através do telefone 3315-9929 ou pelo e-mail centro.idoso@assistenciasocial.al.gov.br.