terça-feira, 10 de maio de 2011

Secretário Luiz Otávio reafirma crescimento da economia alagoana

Em entrevista, secretário fala sobre a construção de um novo porto, estaleiro Eisa Alagoas, dívida pública e guerra fiscal

Débora de Brito
Foto: Adailson Calheiros/Arquivo

Secretário destaca crescimento da economia alagoana
Durante entrevista a um programa de televisão local, o secretário do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico, Luiz Otavio Gomes, evidenciou o crescimento da economia e a diversificação industrial de Alagoas. Pontos considerados fundamentais para a consolidação dessa política em Alagoas e o crescimento do Estado vizinho, Pernambuco, estão presentes na pauta de discussão da equipe econômica do governo nas reuniões de construção do planejamento de ações e projetos.

 “Está acontecendo muita coisa boa em Alagoas, não é somente o Estado de Pernambuco que “está bombando”, pode ser que Pernambuco esteja um pouco mais”, explicou o secretário. Segundo ele os números positivos da economia pernambucana ocorrem somente hoje, uma vez que “há 30 anos, o então governador Marco Maciel teve a inteligência e ousadia de projetar o Porto de Suape, o qual é considerado o melhor e mais moderno do Brasil. As coisas acontecem quando existem foco e planejamento”.

 Alagoas começou a fazer o planejamento há quatro anos, de acordo com o secretário, quando o governador Teotonio Vilela Filho assumiu o Estado e implantou uma forte política industrial. “Se não estamos tão bem como Pernambuco é porque não temos Suape, porém por determinação do governador estamos estudando a criação de uma Parceria Público-Privada (PPP) para a construção desse tipo de equipamento no litoral Sul de Alagoas, a partir da instalação do Estaleiro Eisa Alagoas S.A. e assim teremos um porto que possa, nos próximos 20 anos, mudar completamente a economia e a história de Alagoas”, afirmou Luiz Otavio Gomes.

 Quanto à implantação do estaleiro Eisa no município de Coruripe, o secretário foi enfático sobre a concretização do empreendimento, já que mantém permanentemente contato com o empresário German Efromovich. Durante um jantar, realizado na residência do empresário em São Paulo, o próprio empresário garantiu que saindo a licença ambiental pelo órgão federal, com expectativa de ocorrer no mês de junho, toda a sociedade deve ser convidada para participar do lançamento da pedra fundamental do Eisa Alagoas em setembro.

 Dívida -  A pauta da entrevista também evidenciou o grande gargalo que o Estado de Alagoas possui: a dívida pública junto ao governo federal no valor de R$ 7,5 bilhões, contraída pelos governos anteriores. Desse alto valor, o Estado hoje paga mensalmente cerca de R$ 50 milhões somente pelos juros da dívida, representando aproximadamente R$ 600 milhões ao ano.

Para encontrar uma solução desse grave problema, o governador Teotonio Vilela apresentou à presidenta Dilma Rousseff um projeto que transporte os R$ 50 milhões mensais para um Fundo Social, recursos com destino traçado para uma série de ações (educação, infraestrutura, saúde), entretanto não foi aceito pela presidenta, justificando que não poderia conceder esse benefício a Alagoas porque teria que conceder a todos os outros Estados.

 “Mesmo não podendo atender ao nosso pleito, a presidenta nos encaminhou ao BNDES, onde o governador esteve com o presidente da instituição, Luciano Coutinho. Desde então, estamos conversando com o presidente do BNDES, tentando alongar o prazo e diminuir os encargos, ou seja, uma reestruturação da dívida”, defendeu Gomes.

Guerra Fiscal -  Quando questionado sobre o anúncio de lançamento da proposta para realizar a reforma tributária, uma tentativa de acabar com a chamada “guerra fiscal”, o secretário explicou que considera difícil o governo federal realizar isso, devido aos diversos anúncios e tentativas do passado e o consequente fracasso, além da dificuldade de unir as diversas opiniões por todo o país.

“A guerra fiscal é um mal necessário. Como estudioso da economia brasileira, especialmente da alagoana, particularmente sou contra, porque evidentemente atrapalha todos os Estados brasileiros, entretanto se trata do único mecanismo para os estados brasileiros mais pobres terem condições de atrair investimentos. Sem a guerra fiscal, Pernambuco não teria atraído a fábrica de automóveis da Fiat com investimentos da ordem de R$ 3 bilhões”, explicou o secretário.

 Para o fim da guerra fiscal e realizar a reforma tributária, complementou Luiz Otavio Gomes, o governo federal precisará dedicar atenção na construção de uma política de desenvolvimento regional, tratar os desiguais de forma desigual; o Nordeste não pode ser tratado como o Centro-sul ou como o Sudeste, já que a realidade é bem diferente, inclusive na própria região nordestina, Alagoas deve ser tratado de forma particular. A situação social de Alagoas é muito grave, afirmou o secretário, pois o muito que já foi feito nesses anos ainda não teve grande impacto nos resultados.