terça-feira, 31 de maio de 2011

Agricultores reivindicam financiamento para cultivo do abacaxi em Arapiraca

Município ficou de fora de zoneamento para cultivo da fruta e por isso os bancos oficiais não fazem mais concessão de crédito

Diego Barros

Os agricultores familiares do município de Arapiraca que cultivam abacaxi não têm mais direito a obter financiamento para custeio da plantação. O motivo é um zoneamento agropecuário publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para cultivo da fruta em todo o país, no qual estão definidas as áreas adequadas para o abacaxi.

No documento, que é encaminhado aos bancos e serve como parâmetro para concessão de crédito, Arapiraca não aparece como um dos municípios ideais para cultivo da fruta, o que deixou alguns agricultores apreensivos.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arapiraca, Geraldo Balbino, que nesta terça-feira (31) participou da reunião do Conselho Estadual de Desenvolvimento da Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Cedafra), dezenas de famílias da zona rural do município que plantam abacaxi há décadas estão agora sem o financiamento.

“Nós sabemos que 25 famílias já deram entrada no banco e estão esperando por esse financiamento para custear o plantio. Para plantar um hectare de abacaxi, é preciso investir cerca de R$ 5 mil”, informou o presidente do sindicato, Geraldo Balbino. Segundo ele, esse recurso serve para preparo do solo, aquisição de tratos culturais, adubos, herbicidas e mão de obra.

De acordo com o representante do Banco do Nordeste no Cedafra, Manoel Roberto Lopes, por lei, a instituição segue as determinações do Banco Central e, para conceder o crédito, deve seguir o zoneamento. “Como antes não havia esse zoneamento, nós podíamos conceder o crédito para qualquer cultura, mas agora temos que seguir esse documento, que não inclui Arapiraca na cultura do abacaxi”, explicou.

Durante a reunião do Cedafra, os representantes de diversas entidades afirmaram que o zoneamento agropecuário repassado aos bancos foi elaborado pela Embrapa.

Em contato com a reportagem por telefone, a Embrapa Mandioca e Fruticultura, sediada no município de Cruz das Almas, na Bahia, informou que o zoneamento não foi elaborado pela entidade, e sim por uma comissão criada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Segundo o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Aldo Trindade, a entidade foi procurada depois da publicação de uma portaria do Mapa, no Diário Oficial da União, na qual se especificava quais as regiões do país mais adequadas para o cultivo do abacaxi.

“Nós recebemos a missão de reavaliar os dados, as informações, e analisar melhor algumas regiões que historicamente já cultivavam o abacaxi e ficaram de fora da portaria. Na medida do possível, e dentro de critérios técnicos, pudemos ampliar essas áreas”, explicou Aldo Trindade. Segundo ele, o município de Itaberaba, na Bahia, foi um dos que tiveram as áreas reavaliadas em relação ao cultivo do abacaxi.

Mas, de acordo com Aldo Trindade, esse pedido de reavaliação das áreas deve partir das entidades representativas dos agricultores e dos governos locais, como secretarias, federações e sindicatos, e ser encaminhado diretamente ao Ministério da Agricultura (Mapa). “Depois, se achar necessário, o Ministério pede que a Embrapa Mandioca e Fruticultura faça essa reavaliação”, informou.