sexta-feira, 10 de junho de 2011

Criação de galinha caipira gera renda e promove diversificação produtiva

Famílias de Santana do Ipanema estão obtendo renda com a venda de frango e ovos para a merenda escolar

Diego Barros

Galinha caipira está inclusa no merenda escolar de Santana do Ipanema
Alunos da rede pública municipal de Santana do Ipanema já estão consumindo frango e ovos de galinha caipira produzidos por agricultores do próprio município que estão incluídos no Programa de Avicultura Familiar (PAF).

O PAF foi implantado em Santana do Ipanema em 2010, numa parceria entre as empresas Globoaves e Novus, governo do Estado, Prefeitura Municipal, Sebrae/AL e Instituto de Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Alagoas (ICTAL). Quase 80 famílias fazem parte do programa e já relatam incremento na renda a partir da comercialização de frango e ovos.

Uma delas é a do casal Luzinete Abel da Silva e Enaldo Geraldo da Silva, agricultores que moram no Sítio Serrote. Eles já adquiriram, com recursos próprios, o terceiro lote de pintos caipiras melhorados e de ração balanceada. Parte da renda obtida foi usada na compra de uma vaca para produção de leite, no valor de R$ 1.300,00.

“Agora a gente tem duas vacas dando leite”, disse Enaldo da Silva. O casal trabalha com a família numa área de 37 tarefas de terra, onde planta milho, feijão, capim, cria as vacas e também as galinhas caipiras.

Segundo Luzinete da Silva, por semana, a quantidade de dúzias de ovos vendidas varia entre 15 e 22, ou seja, entre 180 e 264 unidades. Os frangos que vão para o abate, de acordo com ela, pesam entre três e três quilos e meio e levam 90 dias para chegar a esse peso, enquanto a galinha caipira comum leva até um ano.

A produção do casal, bem como das demais famílias incluídas no PAF, está sendo adquirida pela Prefeitura Municipal por meio de chamadas públicas para a merenda escolar. Em breve, também será adquirida pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri), por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Compra Direta Local com Doação Simultânea.

Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Jorge Dantas, o PAA já tem R$ 2 milhões garantidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com contrapartida do governo do Estado, para aquisição de alimentos ao longo de 2011.

“O Programa de Avicultura Familiar já provou que deu certo, e o governador Teotonio Vilela, desde o começo, determinou que esses agricultores recebessem apoio para produzir, para se capacitar e para comercializar sua produção”, disse o secretário.

Apoio de pesquisas científicas 

Os agricultores de Santana do Ipanema incluídos no Programa de Avicultura Familiar (PAF) contam com a parceria da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). A entidade acompanha os criadores, orienta sobre manejo adequado das aves, cuida dos pintos recém-adquiridos até eles completarem 25 dias de vida, num aviário instalado no campus da universidade, e também desenvolve pesquisas científicas sobre a viabilidade do PAF e sobre alternativas para alimentação das aves.

Segundo o professor do curso de Zootecnia Fábio Cunha, alguns trabalhos já apontam para o uso da mandioca em substituição do milho na alimentação de aves. “Isso pode baratear a produção de frango e ovos”, avalia.

De acordo com ele, o custo de produção de um frango criado pelos agricultores do PAF é de cerca de R$ 17,00, incluindo compra dos pintos, ração, vacinas, instalações, etc. “Após 90 dias, a ave é vendida por R$ 23,00 ou R$ 24,00. Mas se o agricultor gastar menos para alimentar a ave, a renda dele vai ser maior”, explicou.

Ele informou que oito estudantes da Uneal participam como bolsistas e voluntários dos trabalhos de pesquisa científica e extensão rural envolvendo criação de aves.