domingo, 22 de maio de 2011

Apicultura no Sertão alagoano gera renda às famílias

Abrangendo 13 municípios, APL Apicultura Mel do Sertão recebe incentivo e assistência

Ronaldo Lima
Foto: Tércio Cappello

Cícero é um dos beneficiados pela apicultura no Sertão
No mês em que se comemora o Dia Nacional do Apicultor (22 de maio), profissional que se dedica à exploração racional dos produtos originados das abelhas e que visa a viabilização econômica dessa atividade, o Arranjo Produtivo Local (APL) Apicultura Mel do Sertão, que compreende 13 municípios do Sertão de Alagoas, vem ampliando a participação da apicultura familiar, com geração de atividades produtivas, renda e bem-estar social e econômico.

Com foco estratégico direcionado para a organização dos apicultores para otimizar os processos de compra, produção, comercialização e, sobretudo, visando desenvolver os apicultores do Sertão alagoano e inseri-los na cadeia produtiva, os governos federal e estadual, em parceria com o Sebrae, vêm adotando política de fortalecimento nas associações e cooperativas para aumentar a produção do mel e agregar valor ao produto.

A primeira cidade do Sertão alagoano a entregar uma sede pronta para os pequenos e médios produtores será Piranhas. Com investimentos de R$ 1,2 milhão, recursos oriundos do Ministério do Desenvolvimento Social com contrapartida do governo do Estado e da prefeitura local, a ‘Casa Mel de Piranhas’, construída às margens da rodovia AL-220, será inaugurada no próximo dia 29, com a presença do governador Teotonio Vilela e da prefeita Mellina Freitas.

Para a concretização do empreendimento, a prefeitura de Piranhas fez a doação do terreno para a construção da sede e o governo de Alagoas e o Sebrae participam efetivamente com assistência técnica, capacitação e organização dos apicultores para otimizar os processos de compra, produção e comercialização dos produtos.

“A meta do governo e do Sebrae é direcionar ações de forma organizada e isso já vem sendo posto em prática nos 13 municípios que integram o APL Apicultura Mel do Sertão”, assegura o técnico Alberto Brasil, gestor do APL do Sertão. Alberto afirmou ainda que o propósito do governo é instalar uma ‘Casa de Mel’ em cada município que integra o APL Apicultura Mel do Sertão.

Cícero Alves da Silva, o “Mangueirinha”, como é conhecido popularmente em Pão de Açúcar, iniciou as atividades como pequeno produtor no ano de 1998, criando abelhas nativas (melipônia) em 45 comeias, sendo que a primeira colheita dele foi de apenas 8 kg. “No início não imaginava comercializar o produto”, relembra.

Mas por sugestão do Arranjo Produtivo Local (APL), Mangueirinha decidiu criar abelhas africanas e iniciou a captura em sua propriedade e na região próxima de sua casa. Sem muito esforço, ele conseguiu reunir em um enxame aproximadamente 30 mil abelhas.

Surpresa

Instaladas próximas ao riacho Barra Maria Zuina, as comeias proporcionaram uma grande surpresa ao produtor. Entre os meses de maio e julho de 1998, Mangueirinha voltou ao local para verificar a sua pequena produção e desconfiou do peso que as comeias apresentavam. Em apenas uma comeia ele conseguiu extrair 12 kg de mel. “Imaginei que alguém havia levado o produto e teria colocado pedra nas comeias, de tão pesadas que estavam”, recorda Cícero.

Impressionado com a produção, o pequeno produtor adquiriu mais 10 comeias e em sua primeira colheita conseguiu a marca dos 200 kg. A partir de então, como relata Mangueirinha, a sua produção tem aumentado significativamente ao longo dos anos.   

Atualmente, Cícero Alves mantém uma casa do mel em sua propriedade e já chegou a extrair até 55 mil kg de mel de suas colmeias e de outros pequenos produtores da região. Com a certificação do Serviço Municipal de Inspeção (SIM) já adquirida, ele está próximo de conseguir a certificação do SIF, o Selo de Inspeção Federal. “Meu objetivo é conquistar mais mercados para o mel produzido aqui em Alagoas”, afirma.

A Casa Mel de Piranhas terá em sua estrutura equipamentos modernos e será uma unidade de beneficiamento, extração, processamento e envasamento de mel. Inicialmente, serão comercializados mel em garrafa e em sachê. 

Além dos equipamentos, onde se darão a extração e produção do produto, a Casa Mel de Piranhas dispõe ainda de um módulo onde ficarão as lojas para a comercialização dos produtos pelos apicultores da região.

Como informa Alberto Brasil, gestor do APL Apicultura no Sertão, um dos objetivos dos Arranjos Produtivos Locais é justamente buscar o desenvolvimento sustentável dos micro e pequenos negócios da cadeia produtiva da apicultura, fornecendo suporte aos apicultores e demais empresários envolvidos na atividade. “A meta é gerar ocupação e renda, promovendo a preservação do meio ambiente”, conta.